sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Requalificação do nosso chão

Um pouco por todo o mundo desenvolvido, assiste-se a uma pequena revolução, mais ou menos silenciosa, que terá impactos que perdurarão por muitos anos nas nossas cidades. Não é apenas a face visível das intervenções que marca um corte com o passado. É na própria abordagem ao espaço e aos diferentes elementos em presença e em conflito que se observa uma mudança que, antes de técnica, é sobretudo cultural.

A cidade de Lisboa vem desenvolvendo há alguns anos o seu Plano de Acessibilidade Pedonal, eliminando barreiras, dando maior espaço e prioridade ao peão, construindo mais espaço para as pessoas através do seu programa "Uma Praça em cada Bairro" e promovendo a segurança urbana, ao diminuir a largura dos arruamentos e a velocidade de circulação dos veículos.

A inauguração da requalificação realizada na Rua de Alcântara é o mais recente exemplo desta abordagem, que a Autarquia que estender a toda a cidade.

A eliminação da calçada portuguesa, onde se demonstre que esta é inadequada à circulação pedonal, é mais uma das medidas que dá prioridade à segurança e conforto do peão. A intervenção realizada na Rua de Alcântara é um case study das diferenças entre o antes e o depois, entre um design do arruamento que favorece a eficiência do sistema rodoviário e um design inclusivo dos diferentes modos de transporte, que promove a permanência e apropriação da rua por parte das pessoas, que humaniza o espaço. 


A qualidade do espaço público condiciona a qualidade da cidade. Num momento em que tanto se fala de requalificação urbana, é altura de colocar de lado soluções arcaicas e começar por requalificar o chão que pisamos. 

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